"Conheci minha
namorada através de uma amiga. Fomos apresentados e como eu tinha um certo
conhecimento em psicologia, ela quis conversar comigo porque teve um problema
de agressão física sexual. Ela é separada e tem um filho de 10 anos. Confesso que
desde então eu nunca havia namorado por esse tempo : 2 anos. . Até então, eu só
tivera curtos e esparsos relacionamentos.
Tenho vontade de ajudar e
ela foi se chegando a mim até que disse que estava gostando de mim. Eu não
havia pensado nela como mulher, embora como para todos os homens tal questionamento
sempre ocorra nem que momentaneamente. Daí pensei, porque não ?
De momento não era a
pessoa que eu tivesse idealizado fisicamente falando, mas não deixava de ter
qualidades como pessoa. Sou uma pessoa que acredita que o diferente não é
impedimento, não cultivo preconceitos de nada.
Fiquei ao mesmo tempo
envergonhado porque uma pessoa do mesmo sexo que eu havia feito tanto mal a
outra.Começamos a namorar . Ela tem apartamento próprio.
Comecei a ir a casa dela .
Ela mora numa cidade a 25km da minha. Comecei a ficar com ela ainda mais nos
fins de semana. O filho ia dormir na casa da avó. Pensei que o trauma vivido
fosse aflorar quando estivéssemos juntos mas não aconteceu . Fui sempre o mais compreensivo
e delicado possível com ela.
A família dela me recebeu
muito bem. Embora eu seja um tanto retraído.
O tempo passou e vieram as
cobranças para casar. Eu sempre voltava pra casa depois dos fins de semana ou
ia no meio da semana. Ela nunca me disse diretamente, mas fiquei sabendo que
tinha pesadelos imaginando que alguém fosse invadir o apartamento a noite.
Eu não hesitei quando quis
namorar com ela. Ela passou a me questionar pra ir morar de vez com ela. No
começo eu quis , até em pouco tempo, mas ela disse que queria ver a adaptação
ao filho. Mais um tempo, festas de família constantes (caso eu chegasse atrasado
ou não viesse, desencadearia outra mágoa: o ex-marido fazia isso e a família onde
todos são casados a viam como a coitadinha do grupo). Tenho péssimo hábito de trabalhar
demais e estar cansado pra sair, algumas vezes. Daí ela passou a dizer que tenho
duas vidas : uma na minha cidade , no trabalho e outra na dela , quando estamos
juntos.
Brigamos uma vez porque
ela queria dar um tempo e eu perdi a calma, falando que dar tempo sugere
término. Então que terminássemos. Ela prontamente comprou a briga.
Logo depois eu a procurei
e conversamos. Ela estava muito insegura porque não queria que isso se
repetisse: um novo divórcio na vida dela. Tem que dar exemplo ao filho. Comecei
a ficar tentado a conhecer outras pessoas , confesso. Ela é geniosa, sofre na
TPM, tem enxaqueca e ainda assim carrega a mágoa de uma agressão sexual. Mas é uma
guerreira, trabalha muito pra manter o filho e a casa e vai fazer nova
faculdade.
Ela sempre disse que me amava.
Eu amo ela também, mas sou mais calado pra dizer.
Estou inseguro. Ela tem 33
anos e eu 39. Nunca me casei.
Tive problema em aceitar
as idas constantes dela a todos os aniversários e festas de família
ininterruptos. Ela nutre um apego muito grande a irmã e a família desta já que
foi a pessoa que ajudou depois da agressão. É uma pessoa que tem muito medo.
Tem medo que eu me torne alguém como o ex-marido. Sinto o ego ferido apesar de
ter errado. A rejeição não é fácil.
Ganhei mais um tempo e
comecei a procurar móveis pro nosso quarto. Só que ela não sentiu segurança em mim.
Me disse que não sou uma pessoa que se tenha confiança para casar, que ela já
fez vários pedidos para que eu viesse e não tive atitude, com dois anos já
passados. Tivemos momentos muito bons viajando, saindo pra jantar…Minha família
(minha mãe) não gostou da possibilidade da união , porque ela é descasada e com
filho.
Acho que se amando não há
um tempo muito curto, nem muito longo para que se casar. Fui dispensado”
O que posso te dizer?
Você não me parece inseguro, você não sabe se quer
essa mulher na sua vida, só isso. Ela não te completa, fisicamente, não é o
ideal familiar (a opinião da sua mãe é importante, me parece) e as relações
familiares dela te geram conflitos.
Realmente ela está certa em não sentir confiança em
você, é genuíno e simples de entender, não é bem isso que você quer. Melhor
agora, que ela ter que passar por uma nova separação, esse momento requer
prudência e assim está sendo.
Com seus 33 anos você tem tempo para encontrar
alguém que se encaixe no seu perfil, como você descreve, sem trazer problemas,
sem ser geniosa ou uma garota enxaqueca.
Seja feliz!
Alexandre
Santucci
Sigilo: seu nome não será
publicado.
Publicado
no SeR em 13 de Julho de 2011 10:46
Georgia
Maria diz:
Como disse o Santucci, seu caso é simples, você quer
ver oportunidade, quer passar por cima das suas prioridades, tentando ser
feliz. Mas não dá quando a gente não sente felicidade e faz mais sacrifícios
pelos outros pra ser feliz do que fazem pela gente. Pra uma relação ter possibilidade
de sucesso, precisa ter uma média em tudo de mais de 50% de tudo que existe em
comum.
Acho que você até tentou ser o HOMEM que ela nunca
teve, mas esbarrou no trauma dela que, parece horrível de dizer, mas é um
problema com ela e não adianta, tem gente que não consegue ser mais feliz e
prefere dizer que a culpa é dos outros.
Você é novo.
Calma que a mulher certa aparece.
Procure as felizes, com bom humor!
Boa sorte.